quinta-feira, 9 de novembro de 2017
Esta é a carreira com menos qualidade de vida no país. Entenda
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São Paulo — A qualidade de vida do profissional brasileiro melhorou ligeiramente no 2º trimestre, de acordo com uma nova aferição do Índice de Qualidade de Vida no Trabalho (IQVT), que acaba de ser divulgada pela Sodexo com exclusividade para o site EXAME.
Em uma escala que vai de 0 a 10, a nota geral de percepção quanto à própria satisfação no trabalho foi de 6,99. No 1º trimestre de 2017, o número havia sido 5,83.
Foram consideradas 2.910 respostas espontâneas a um teste online e gratuito sobre o assunto, entre junho e agosto deste ano.
A Sodexo analisa a qualidade de vida sob o prisma de 6 dimensões:
- Saúde e bem-estar (estilo de vida, alimentação equilibrada e prática de exercícios físicos);
- Facilidade e eficiência (processos fluidos na empresa, acesso a serviços e pessoas-chave);
- Reconhecimento (recompensas, iniciativas para valorizar o funcionário);
- Interação social (vínculos interpessoais e acesso ao entretenimento);
- Crescimento pessoal (iniciativas para aprendizado e desenvolvimento do profissional); Aprofunde sua leitura: Como será o profissional do futuro? Patrocinado
- Ambiente físico (conforto e segurança do espaço de trabalho)
Para Fernando Cosenza, diretor de sustentabilidade da Sodexo, o salto de 5,83 para 6,99 no 2º trimestre não deve ser subestimado. “Embora 6,99/10 ainda não seja a nota ideal, é mais que um ponto acima da última medição”, explica.
O que puxou a nota geral para cima foram variáveis materiais do cotidiano do trabalho, como “ambiente físico” e “facilidade e eficiência”.
“Historicamente, as empresas se preocupam em investir nas suas instalações e na eficiência dos seus processos, é algo que está na agenda do empregador há mais tempo”, afirma o executivo.
Fatores mais qualitativos, como reconhecimento e bem-estar, são preocupações mais recentes no mundo corporativo — o que explica as notas mais baixas nesses quesitos.
Veja a seguir as notas para cada dimensão:
Dimensão | Nota (0-10) |
---|---|
Reconhecimento | 6,39 |
Crescimento pessoal | 6,83 |
Saúde e bem-estar | 6,71 |
Ambiente físico | 7,19 |
Facilidade e eficiência | 7,23 |
Interação social | 7,43 |
Outro motivo para a melhora na percepção sobre qualidade de vida, segundo Cosenza, são os números sobre desemprego no país, que se tornaram mais estáveis. “Aquelas manchetes sobre demissões diminuíram um pouco, o que puxou um pouco para cima o humor geral”, explica.
As áreas com menos qualidade de vida
Além da nota geral, a Sodexo também analisou o IQVT de acordo com a área de atuação dos entrevistados. Veja a seguir o ranking das notas mais baixas:
Área | Nota (0-10) |
---|---|
Jurídico | 5,87 |
RH | 7,19 |
Marketing/comunicação/criação | 7,34 |
Comercial/vendas/atendimento ao cliente | 7,38 |
Outros | 7,38 |
Financeira | 7,39 |
Sistemas/TI | 7,51 |
Produção | 7,73 |
Auditoria/qualidade | 7,75 |
Administrativo | 7,91 |
Distribuição/logística | 8,53 |
Por que a carreira jurídica concentra o maior número de insatisfeitos? Para Cosenza, o resultado pode ser reflexo do peso da crise sobre os ombros dos advogados.
Afinal, eles estão ligados a temas candentes como compliance e políticas de combate à corrupção nas empresas, além de reforma trabalhista e demissões em massa — estes últimos também com efeitos diretos sobre o departamento de RH, 2º colocado no ranking das carreiras com menos qualidade de vida.
“Talvez mais do que outros, o profissional do meio jurídico viu seu volume de trabalho aumentar drasticamente nos últimos tempos, o que no curto prazo pode ter reduzido sua percepção sobre qualidade de vida”, diz o diretor da Sodexo. Saiba mais: A ContaAzul te ensina tudo sobre qualidade de vida no trabalho nas empresas. Confira! Patrocinado
Também vale lembrar que a amostra do IQVT não é controlada, o que pode gerar distorções no comparativo entre as diversas áreas de atuação.
Os cargos com menos qualidade de vida
A Sodexo também apresentou os resultados sob o ponto de vista do nível hierárquico. Veja abaixo:
Cargo | Nota (0-10) |
---|---|
Presidência/diretoria/gerência/proprietário/dono | 7,39 |
Empregado de áreas executivas/adm./financeiras, sem atribuição de chefia | 7,45 |
Coordenação/supervisão/chefe de seção | 7,75 |
Outros | 7,79 |
Serviços de apoio administrativo (secretárias, recepcionistas, telefonistas, etc) | 8,23 |
Estagiário | 8,23 |
Empregado de área de fabricação/operário/operador de maquinário | 8,35 |
Empregado de serviços de limpeza e manutenção | 8,55 |
O presidente/diretor/gerente/proprietário/dono obteve a pior nota, diz Cosenza, mas ainda assim sua percepção melhorou em relação ao trimestre anterior — subiu de 6,31 para 7,39.
Na comparação, o que pode ter havido foi uma melhora proporcionalmente maior para profissionais de níveis hierárquicos mais baixos.
“Os cargos mais vulneráveis às demissões foram os da base da pirâmide”, afirma o diretor da Sodexo. “Com o leve recuo do desemprego, também foram eles os que ficaram mais aliviados”. Daí sua percepção de qualidade de vida ter aumentado mais do que a dos CEOs, diretores e donos de empresas, conclui.